domingo, 14 de junho de 2020

Camões e Constância – direitos reservados

No dia 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, fez-se notícia institucional da colocação simbólica de dois ramos de flores no monumento a Camões em Constância, pela Associação Casa-Memória de Camões e pela Câmara Municipal. Cerimónia que aconteceu de dia, com os ofertantes e todos os convidados de máscara. Havia sido referido que Camões seria o único a não ter máscara.
Camões a apresentar Os Lusíadas a D. Sebastião, original.
Litografia de 1893
Dias volvidos vêm os dois presidentes das instituições lamentar profundamente que mais alguém, imagine-se, a coberto da noite, tenha colocado uma coroa de flores com o símbolo nacional e um poema de Jorge de Sena a invocar Camões. Outra pessoa, como algumas já  haviam feito ao longo da pandemia, colocou uma máscara na estátua. Uma afronta, uma ofensa, uma vergonha, actos cobardes que pretendem colocar em causa e denegrir o trabalho da associação – dizem.
Se o leitor quiser não pode colocar flores numa estátua? E não pode homenagear de uma forma sentida e humanista uma figura ímpar da nossa História? É proibido fazê-lo à noite? Não se pode comemorar e enaltecer Portugal? Junto a Camões e sem manifestações?! E é assim tão grave, mesmo como sensibilização ou para evitar que a estejam sempre a substituir, que a estátua possa apresentar a máscara que nos prende?  
O presidente da Câmara de Constância, ainda acrescenta que “Nada justifica uma atitude destas. O respeito pelo próximo e pelas Instituições tem vindo a desaparecer. Tinha vontade de dizer muito mais, mas fico-me por aqui”. Deveria dizê-lo, dar o exemplo e respeitar as pessoas e populações; Revelar os motivos de promover decisões polémicas e fraturantes, de profundas implicações, durante o período de confinamento, de reuniões restritas. Uma delas foi precisamente a de retirar a autonomia e municipalizar a Associação Casa Memória de Camões, o que, como se vê, já está a produzir declarações destas. Outra é a de colar uma alegada vandalização da estátua de Camões em Constância à onda racista e xenófoba que varre cidades na Europa, nomeadamente Lisboa, porventura a promovê-la para a vila poema.
A seguir talvez tenhamos que moldar o pensamento, a vontade e os direitos das pessoas e reservar Camões só para os iluminados. Junte-se a isso vedar o acesso à estátua e cobrar umas moedinhas para poder tirar fotografias e usar binóculos no terraço da casa de banho alocada.
A época das trevas e a inquisição voltaram.

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